terça-feira, 12 de março de 2013

Inflação: lá vem ela. Mais uma vez!

Por Ricardo Martins*

Ricardo Martins é diretor do CIESP Leste.
Mais uma vez a inflação retorna aos noticiários e à realidade econômica brasileira. Retorna para tirar a tranquilidade do cidadão comum, do empresário e do governo. Mas já era de se esperar, depois da festa de gastança que foi o governo do ex-presidente Lula, principalmente no final, para poder eleger sua sucessora. Ela, que agora comanda um governo que ainda não soube demonstrar com clareza o que pretende fazer para alcançar o tão propalado “PIBÃO” sem comprometer as metas de inflação, que cada vez mais parecem perder importância.

Não podemos esquecer que nem mesmo o governo passado deixou de lado o controle da inflação que foi a principal meta do Plano Real, criado por seu antecessor, na época em que a superinflação corroía orçamentos das empresas, do governo e dos contribuintes. Com certeza os governos do PT se esqueceram de que a base para um crescimento sustentável e sem inflação é o controle dos gastos públicos, foco principal das medidas adotadas à época do Plano Real e que agora parecem ter sido renegadas a um segundo plano para tentar manter um mínimo de crescimento no pós-crise de 2008/2009. A adoção de medidas de estimulo ao consumo como forma de manter o crescimento mostram agora sua pior face, o crescimento desordenado dos gastos públicos e o descontrole da inflação.

Um dos principais motivos para a aceleração da inflação é a existência de um orçamento deficitário por parte do governo, cuja consequência é a emissão de dinheiro.  Orçamentos deficitários são gerados por gastos crescentes e extravagantes, os quais o governo é incapaz de cobrir utilizando exclusivamente suas receitas de impostos, que por sinal tem batido sucessivos recordes.  Gastos excessivos decorrem principalmente dos esforços do governo em redistribuir riqueza e renda para determinados setores, isto é, esforços para retirar recursos dos produtivos para sustentar os improdutivos de todas as classes.  Os programas de renda mínima sem a exigência de uma contrapartida, excelentes para eleger governos populistas, se por um lado garantem a entrada no mercado de um sem número de necessitados, corroboram para o aumento do déficit público e o aumento descontrolado de demanda, que juntos são puro combustível para a fogueira da inflação.

Minha grande preocupação com a volta da inflação reside no fato de que sempre a primeira e maior sacrificada será a indústria brasileira. Comprova-se isto pelas desencontradas informações dadas pelo governo no que diz respeito às formas de combate à inflação. A primeira e mais conhecida é o aumento dos juros, o que fará com que o consumo seja refreado e com isto as classes produtivas tenham que rever seus aumentos de preços, chamados pelo governo de especulativos. Não obstante jogue para o setor produtivo a culpa dos aumentos, o governo sabe muito bem que, quando existem tais aumentos, se referem simplesmente ao repasse de aumentos de custos e despesas, veja-se, por exemplo, os aumentos reais de salários dados aos funcionários da indústria nestes últimos anos, sem que isto tenha representado ganho de produtividade. A outra grande saída para tentar frear a inflação é a valorização do real que torna mais baratos os produtos importados, mais uma vez visando que os setores produtivos nacionais refreiem os aumentos de seus preços. Nem é necessário comentar que tornando os produtos brasileiros mais caros o governo deprime as exportações e favorece a importação de produtos com preços impossíveis de serem acompanhados pela indústria nacional.

O governo se esquece de que o crescimento sustentável tem como base a adoção de medidas de incentivo duradouras, lastreadas por investimentos em infraestrutura e reorganização tributária como forma de permitir a nós, aqueles que produzem riqueza, trabalhar com mais segurança e produtividade. É medida paliativa o aumento da taxa de juros, retira a capacidade de geração de riquezas do setor produtivo e a entrega a aqueles que nada produzem e foram durantes muitos anos os grandes beneficiários da economia brasileira, os bancos. O dinheiro que enriquece os bancos vem dos juros pagos por toda a sociedade e pelo governo, que ao final repassa sua conta à sociedade criando um monstruoso circulo que sempre nos leva de volta ao mesmo ponto, mesmo que passados muitos anos.

* Ricardo Martins é diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) - Distrital Leste (www.ciespleste.com.br) e diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da FIESP. Também é vice-presidente do SICETEL - Sindicato Nacional das Indústrias de Trefilação e Laminação de Metais Ferrosos. E-mail: linkciespleste@gmail.com.

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