terça-feira, 6 de agosto de 2013

Histórias em quadrinhos na comunicação interna

Por Alexandre Nagado*
 
Quadrinhos institucionais são peças narrativas
encomendadas por uma instituição.
Quadrinhos institucionais são peças narrativas encomendadas por uma instituição para divulgar suas mensagens, sejam elas voltadas ao público geral ou ao público interno, ou seja, seus funcionários. Quando um informativo institucional passa a utilizar em seu conteúdo histórias em quadrinhos ou tirinhas, esta costuma ser a parte mais lida do impresso. Falando dessa comunicação interna, grandes instituições utilizam-se, por exemplo, de cartazes e boletins – normalmente com ilustrações, gráficos e fotografias para atingir melhor seus objetivos. Mas em muitos casos, uma imagem não basta, pois é preciso desenvolver conceitos e passar muitas informações de maneira eficiente, sem recorrer a manuais técnicos que acabam esquecidos pelo funcionário.
 
Nesse contexto, as histórias em quadrinhos, por sua combinação harmoniosa de textos e imagens sequenciadas, ganham grande importância.
 
Tendo trabalhado com esse tipo de prestação de serviço há mais de duas décadas, já atendi diversos clientes produzindo campanhas internas e algumas externas. Os objetivos sempre foram atingidos e alguns até surpreenderam, provando que o uso dos quadrinhos como ferramenta de comunicação vai muito além do entretenimento.
 
Uma vez, fui contatado para renovar o uso de folhetos informativos de uma empresa administradora de cartões de crédito. Com a linguagem dos quadrinhos, deveria passar uma série de informações de conduta e procedimentos aos funcionários, com alguns itens bastante problemáticos. O desafio aqui era dar uma nova cara à comunicação interna e fazê-la funcionar melhor.
 
O projeto inicial visava experimentar o uso de quadrinhos como ferramenta de comunicação com a publicação de três ou quatro folhetos. De um lado, uma HQ de uma página com um tema estabelecido. Do outro, uma ilustração com os personagens falando a mensagem principal do tema relacionado. A mesma arte seria ampliada como um cartaz para ser afixado na empresa.
 
A receptividade foi boa logo de cara. Com isso, mensagens antes difíceis de serem assimiladas (porque os folhetos explicativos mal eram entendidos), passaram a ser incorporadas ao dia a dia da empresa, com bons resultados. Mais uma vez, provou-se, que os quadrinhos representam uma eficiente ferramenta de comunicação, para públicos de qualquer idade e formação.
 
O retorno dos leitores permitiu correções de rumo, aumentando ainda mais o poder de comunicação do projeto, com isso ao invés de apenas quatro, foram feitos seis folhetos em HQ, mais um calendário de mesa ilustrado com os personagens e com frases ligadas aos temas apresentados, um outro cartaz independente e aí o projeto mudou de formato. Passou a ser uma folha dobrada, ficando com cara de gibi em formatinho do que de folheto. A HQ passou a ter duas páginas, ficando ainda uma capa e um verso com recomendações ligadas ao tema da edição.
 
Por sua combinação de texto e imagem, os quadrinhos têm um grande poder de comunicação
e podem ter sucesso, área na qual os extensos manuais técnicos nada conseguem. Em HQs de uma ou duas páginas, o ideal é mostrar diálogos cotidianos com temas desenvolvidos conforme a necessidade do cliente. O importante é não fazer parecer sermão, mas sim mostrar a importância da conscientização.
 
Os temas mais explorados são a necessidade de cumprimento de metas, regras da empresa, não para manter seu emprego ou buscar promoção, mas para ser um profissional melhor. Em alguns casos, como na abordagem de comprometimento e responsabilidade, para ser uma pessoa melhor. Mesmo seguindo as ideias do cliente, há obviamente toques autorais ao se redigir os diálogos.
 
Cada vez mais empresas têm aderido a essa forma de comunicação em quadrinhos e isso acaba se constituindo em mais uma alternativa de trabalho para profissionais de quadrinhos. Mas nessa área, mais do em qualquer outra, o ego deve ficar do lado de fora e a abordagem deve ser focada na mensagem do cliente. Isso deve ser feito de maneira clara e com a técnica narrativa sendo usada para que a leitura seja prazerosa e o público absorva a mensagem com naturalidade. E isso pode ser feito com pequenos toques autorais que dão sabor à mensagem. Afinal, é para isso que o quadrinhista foi contratado.
 
* Alexandre Nagado é desenhista profissional é quadrinista especializado em comunicação institucional com uso da linguagem dos quadrinhos. Criador dos personagens Blue Fighter (Ed. Escala e Trama) e Dani (Ed. Escala e Via Lettera).  Organizador e um dos autores do álbum Mangá Tropical (Ed. Via Lettera). Publicou os livros:  Cultura Pop Japonesa – Histórias e curiosidades (independente, 2011); Almanaque da Cultura Pop Japonesa (Via Lettera, 2007);  Cultura Pop Japonesa: Mangá e Animê (Hedra, 2004), Mangá Tropical (Via Lettera, 2003),  Dicionário AnimeDO (Ed. Escala, 2000). Atualmente é parceiro da LINK Portal da Comunicação (www.linkportal.com.br) Portfólio: (nagado-portfolio.blogspot.com.br) E-mail: linkcomunicacao@linkportal.com.br

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